Moradores das ruas Rodrigo Otávio Coutinho, Engenheiro Walter Kurle, Levy Lafetá, José Ferreira Cascão e Cypriano Coutinho já se sentem sitiados em suas residências.
Um problema recorrente que tem atormentado a vida de moradores das ruas Rodrigo Otávio Coutinho, Engenheiro Walter Kurle, Levy Lafetá, José Ferreira Cascão e Cypriano Coutinho é o estacionamento de carros, ônibus e táxis nessas vias. Segundo relatos, vários moradores têm de conviver com o excesso de veículos estacionados nos dois lados dessas ruas e ficam impossibilitados, por exemplo, de parar seus veículos em frente às suas residências. A presença de veículos vem intensificando dia a dia, apesar de o problema já ser noticiado pelo JORNAL BELVEDERE em 2013 e no ano passado, com relatos de moradores e de empresários do bairro. Na Rua Rodrigo Otávio Coutinho que só oferece uma mão o estacionamento de veículos acontece em toda sua extensão e os moradores estão ficando sitiados em suas próprias residências.
Em algumas ruas da região das casas o cenário começa a se modificar. Nesses locais, especialmente as mais próximas do centro comercial do bairro, começam a servir de estacionamentos. “Há poucos dias tive que discutir com um motorista que estacionara o seu veículo em frente a minha casa, ocupando parte da entrada da garagem. Quando a gente fala ou até alerta, eles ficam bravos e até nos xingam”, conta uma moradora da Avenida Celso Porfírio Machado.
Impactos dos veículos
A Associação de Amigos do Bairro Belvedere (AABB) vem acompanhando de perto o problema e já encaminhou vários ofícios à BHTrans solicitando a instalação de estacionamento rotativo no local, visando minimizar o impacto de tantas veículos na rua, bem como permitindo o acesso de moradores e seus amigos e convidados à porta de suas residências. O assunto, no entanto, vem sendo ignorado pela empresa de trânsito conforme informou o presidente da AABB, Ubirajara Pires. Segundo ele, a cada três reclamações recebidas hoje pela entidade, três fazem referência ao estacionamento irregular naquelas vias. “Em determinados horários forma-se até um congestionamento. Percebemos que o local vem sendo utilizado pelos funcionários do BH Shopping, por isso nas trocas de turno o movimento é inegável, com carros parados em fila dupla esperando vagas para estacionarem. E, também, é visível que as filas de carros que se forma ali se estendem até depois das 22 horas, quando termina o expediente do centro de compras”, explicou.
A Associação fez em um dos ofícios enviados à BHTrans uma descrição minuciosa do problema, alertando para outras questões de ordem de segurança em função de tais estacionamentos na via lindeira ao ramal desativado da Rede Federal. “Depois de nos reunirmos com os técnicos, fizemos uma visita ao local para apresentar o problema, mas até agora nenhuma solução foi apresentada pela empresa”, informou Ubirajara Pires.
Para o diretor de Segurança da AABB, José Renato Pereira, a situação é mais complexa na altura do nº 50, onde a BHTRans chegou a instalar um quebra-molas para amenizar o trânsito na confluência com a Praça Tom Jobim. Segundo ele, o perigo é maior em épocas escolares quando alguns transportes chegam a fazer perigosas manobras para receber os alunos nas portas dos edifícios. “Além disso, naquele ponto uma pequena extensão da via é de mão-dupla e muitas motoristas que não conhecem a realidade do lugar acabam entrando na contramão”, disse José Renato.
Uma moradora do edifício Nair Guimarães, na Rua Jorge Fontana, conta que costuma seguir a Rodrigo Otávio Coutinho até a praça e de lá vai para a Lagoa Seca fazer suas caminhadas diárias. Mas, que ultimamente tem optado por mudar de rota, receosa pela presença de motoristas de ônibus e seus ajudantes que costumam utilizar as calçadas para uma sesta no início da tarde. Ela também reclama de lixos como copos descartáveis, sacolas plásticas de lanches e outros deixados pelos motoristas ao longo dessas vias. E, questiona se a presença de tantos veículos não estaria atraindo a atenção de olheiros interessados em praticar furtos aos carros e roubos às residências. Ela também se mostrou preocupada com a presença dos ônibus e de outros veículos de carreto que poderiam, inclusive, desvalorizar imóveis tão caros naquela região.
Para o presidente da AABB, Ubirajara Pires, o assunto do trânsito no Belvedere vem sofrendo descaso por parte da empresa de trânsito há muito tempo. Ele comenta que não há fiscalização em frente à academia Body Tech onde no início da manhã e na parte da tarde se formam longas filas de congestionamento, com pessoas insistindo em esperar por vagas em filas duplas, para estacionarem seus veículos dentro da academia. Ele vem recebendo reclamações de moradores nas ruas, na associação e até mesmo em seu telefone celular, para uma solução para o problema. “A realidade do Belvedere é que não há fiscalização por parte da BHTrans. E naquele ponto específico, entre a Avenida Paulo Camilo Penna e a Rua Juvenal de Melo Senra, é necessária a instalação de estacionamento rotativo para amenizar o trânsito. Porque quem mora ou desce para a Lagoa Seca não consegue acesso, o que é percebido pelos moradores em suas residências diante de tantas buzinas insistentes. Será que a BHTRans não se preocupa com a ordem nos bairros onde se pagam os maiores IPTUs da cidade?”, questiona.
Por algumas vezes a Associação dos Amigos dos Belvedere enviou ofícios à BHTrans, relatando o problema da Body Tech e apenas algumas medidas paliativas foram tomadas. “Chegam a fixar uma placa informando que o estacionamento está lotado, mas os usuários ignoram a situação e preferem esperar dentro de seus veículos, formando corredores de carros que impactam o trânsito e, que na maioria das vezes, impede o acesso de moradores às suas residências lotadas ao lado”.
Ainda segundo ele, todas as mudanças no trânsito sugeridas pela Associação nos últimos 15 anos foram negadas pela BHTrans. E ao longo do tempo foram implantadas porque os agentes acabaram percebendo que elas eram a melhor solução. “Todas as obras, mudanças e outras modificações sugeridas para o bairro partem do conhecimento e da expertise de moradores que são engenheiros, profissionais nessas áreas. Nada é proposto aleatoriamente sem um estudo ou conhecimento prévio de quem entende do assunto”, salientou.
De acordo com a BHTrans, o estacionamento rotativo, o chamado “Faixa Azul” é implantado onde a quantidade de veículos que necessitam estacionar é maior que o número de vagas físicas disponíveis. A proposta do sistema é garantir a rotatividade, ou seja, multiplicar a utilização das vagas físicas para estacionamento de veículos. Trata-se de um instrumento de política urbana adequado à melhoria da circulação na via e à democratização do uso de espaços públicos. Ele permite que a população usuária do serviço tenha melhor acessibilidade a áreas de comércio, serviços e lazer, como é o desejo e a necessidade da cidade.
As primeiras ruas do Belvedere a receber o estacionamento rotativo em 2011 foram a Desembargador Jorge Fontana, Sebastião Fabiano Dias, Juvenal de Melo Senra e as Avenidas Luiz Paulo Franco e Paulo Camilo Pena. A decisão de implantar o Faixa Azul se deu após consulta a moradores e comerciantes, através de correspondências encaminhadas aos síndicos dos prédios da área, aos comerciantes e lojistas e à Associação do Comércio do Belvedere. Posteriormente, e com um mapa com os pontos já definidos pela BHTrans, foi enviado um ofício de convocação para uma reunião em caráter de urgência para definir a aprovação. De acordo com a BHTrans, no local onde o Faixa Azul foi implantado e a demanda era maior que o número de vagas disponíveis, foram oferecidas 311 vagas, facilitando a rotatividade de 1.250 veículos por dia.
O Estacionamento Rotativo pago no município de Belo Horizonte foi criado pela Lei 1.410 de 9/11/1967, que foi regulamentada pelo Decreto 2.388 de 25/7/1973. A implantação de áreas com exigência de uso do rotativo em Belo Horizonte teve início em 1976. Em 1992, a BHTRANS (criada em 1991) assumiu o gerenciamento do serviço de táxi, escolar e, também, do Estacionamento Rotativo.
A receita líquida do Estacionamento Rotativo é aplicada em melhorias do sistema viário da cidade, como manutenção e implantação de sinalização, operação de tráfego, fiscalização do trânsito e programas de segurança e educação, conforme demonstrativo publicado na capa do talão. Com a palavra, a BHTRans!
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